As palavras me esbofeteavam, uma
a uma. Eu sorria. O que mais eu podia saber? Ainda dizendo: o que mais eu sabia
fazer? Não era eu aquele muro de mulher, que se mantinha forte conforme as
facadas que ia recebendo? (Visivelmente) inabalável. A paz tem gosto de
perdão, mas nossos olhares estão cheios
de mágoa, e os sorrisos são de escárnio. Ainda nos consideramos bons? A última
pétala caiu e ambos ainda somos monstros.
Você espera meu próximo tropeço
para rir. E eu ando e tropeço, distraída, bêbada, livre, solta, louca. Por aí.
Longe. Exatamente como no início. Somos cada vez mais os mesmos. Verdades
deturpadas.
Deus cometeu um terrível engano,
meu bem – aqueles sussurros jamais foram meus, não é? Aquela trilha sonora não
era a do nosso filme. Interpretamos os papéis errados. Mas valeu. Valeu o
êxtase. Valeram as mãos dadas. Valeram os porres. Não vou mentir, valeram também as noites me revirando
solitária e febril numa cama de solteira que um dia pensei ser grande demais.
Valeu a experiência, o gozo, as manhãs. Meu senhor, e pensar que... não. Não
foram em vão os segredos e nem os berros. O amor à cena. Eu amei teu
personagem. Eu gravei teu coração (e adorei o som de cada uma de suas batidas).
Idealizações enganaram crianças.
Esse roteiro é de outra vida.
Este século, não.