Não me deixe como me encontrou. Me rasgue. Me suje. Costure.
Rabisque. Escreva. Desenhe. Dobre. Amasse. Mastigue. Pise. Deixe cair. Tire.
Arranque e acrescente.
Não me permita que eu passe hoje pelas suas mãos e amanhã
ainda seja a mesma. Não me permita partir sem lágrimas ou
memórias tristes ou
cicatrizes e traumas.
Não deixe que eu me vá sem ler aquele livro que você
indicou, escutar discografias ótimas e assistir filmes péssimos.
Que depois do fim, eu acorde numa noite qualquer a 20 anos
daqui e chore de saudades desse exato momento. Dessa piada besta. Desse sorriso
bonito. Do modo como você coça os olhos quando fica nervoso.
Que eu odeie suas manias chatas, mas acabe falando as mesmas
gírias que você
e que eu
me vicie nos seus vícios.
Não deixe que eu me vá sem saber quantos cigarros você
fumava por dia,
Não me impeça de criar planos frustrados.
E que no fim, o amor seja isso: se eu não te tenho mais ao
meu lado, te tenho dentro de mim.