19.10.14

eu não sou filha de pátria
grandeza não cabe em padrão
não respondo a pai
fui parida
criada arisca
e se tu me fizeste tereza
hoje, ódio meu, sou sabina
mas não faço amor
ao som de trovão
hoje eu transo a tempestade
me ensinaram, menina pequena
e criança inquieta
que quem me concebeu foi
a floresta
ao ser inundada pelo oceano
e se olhares ao meu redor
vai ver que não sou só (não mais)
mas se me olhares bem no fundo
dos olhos
vai ser engolido, ódio meu
pela solidão
dessa tereza que tu criaste
e se eu te trair
é que eu me traí
e se todos os nossos segredos
se espalharem com essa ventania
ouve bem meu caro
essa alma por meses foi seca
ouve bem ódio meu olha bem
eu é que me lembro bem
quando tu me disseste que eu era o sol
e eu o era
mas se olhares bem no fundo
dos olhos
vai ver que agora chove dia após dias
cotidianamente
até te matar
afogado.