31.3.14

oba lá vem ela

se tu me vens, por exemplo, este outono
desde Março começarei a ser feliz. 
chega devagarinho
feito chuva de verão
de pouquinho em pouquinho
a água condensa
evapora
e cai.

(e eu caí nessa de novo!)

chuva ruim que nada
que é bom pra me esconder
sem obrigação de colocar a rua na cara a cara na rua
por favor chove sem parar
pra eu me entocar o dia todinho
dentro de um domingo,
do lado de você.

13.3.14

para cada um dos amores da minha única vida

esse verso é pra menina com pintinhas nas costas
e essa linha vai pra maior mentira da minha vida
essas palavras aqui eu dedico
pro rapaz de cachinhos bonitos
e cheiro de sabonete.

uma estrofe inteira
pra nova mocinha
que invadiu e ocupou
todos os meus interesses

isso é sobre a voz que eu mais gosto
e isso sobre os dedos mais leves do mundo
nessa parte da poesia
mora a menina do olhar triste e moletom

em cada canto
eu me encanto

12.3.14

Tônho

Antônio nasceu no outono
sob o sol de Touro
foi batizado
registrado 
criado pra crer

Mas Antônio não crê muito nessas coisas
de deuses
de cronos
de astros

Antônio só confia mesmo
no maço de hollywood
e no 13º
salário
sou uma caçamba de lixo cheia
no fim da feira
bem no meio
da Oscar Freire
Apaixonada descarada 
de alma
escancarada.

hehehey_girl

hehehehei, menina

brilho labial de cereja
maço de hollywood
me deixa te pagar uma breja
vamos sentar ali na esquina

olhar
da calçada
falar de como a gente
nunca é nada
se sentir pequena
(se sentir gigante)

meu coração numa bandeja
esticadinho e dilacerado
só pra você pisotear
e nunca mais ter que tocar de novo o chão
se tu não quiser.

boom boom BOOM!!!!
viver meio assim
campo minado
me faz matéria prima,
se esculpe em mim de dentro pra fora.
senta e olha.
e chora.
quero transformar esse "a gente"
em algo não mais que
fotografias bonitas e ligações
neuronais

9.3.14

(08/03/14)


lábios partidos e sangue no nariz
não servi pra beata não servi
pra meretriz
Quem quer brincar de imunda põe o dedo aqui.
(onde é feio)
(onde é sujo)
(onde fede)

Zona proibida 
Caixa de Pandora
fêmea amaldiçoada e parideira de desgraças

não sou virgem e não sou Maria 
Eu sou da Silva renegada descalça
ao sabor do vento
correndo
por ai, sobre a falsa alforria com
Lábios partidos
sangue no nariz