22.7.14

10 degraus na minha escada
que me tira desse
nada
cada vez mais diminui
eu reaprendo o 
desapegada
não tem companheira não tem camarada
não tem
além
da Bahia, amor
do Hell, calor
de Janeiro à
Março.

7.7.14

queria poder guardar
sua risada numa caixinha
queria poder dar corda
e nunca mais ficar sozinha
só de escutar
sua risada ecoar. de novo e
de novo
num replay infinito
do meu barulhinho favorito
e todo dia cedo,
poder acordar de manhã
sem tristeza sem choro sem medo
com um sorriso enorme estampado na cara
lindo e limpo
(feito a gente)
num mundo em que eu construa
no meio de todo esse limbo
um trilho de trem que ligue
a minha saudade e a sua
pra escutar e pensar num mundo
onde a gente se esbarre na rua
sem querer,
querendo.

afasta de nós esse cale-se

você chora
você cheira
você chupa
você chove-e-não-molha
e chora mais um pouco
e mais um monte

você senta
sozinha
e se sente
mais sozinha ainda
e se culpa
talvez por ser só mais uma fodida miserável
desgraçada por aí
pelos cantos

menina, não é pra tanto

mas tu se mutila
e se humilha
e se esparrama, seus pedaços
em abraços sufocantes
de quem não quer nada além de
ocupar seu corpo
esfrangalhar sua
alma
perturbar tua calma

e cê bebe se afoga se engasga
com aquilo que já sabe que você SENTE
não ser carinho, porque se fosse
pra que tanto espinho?
se é afago pra que te abusa

se é bonito por que dói?

o amor é um bicho, você não
precisa ser
domesticada.

4.7.14

meu corpo, meu templo
minha morada
e minha prisão
um para-raios de repulsa de ódio
abrigo do meu medo
da minha dor

não existe meio de fugir
do meu
refúgio.

só resta então amar(-me)
por inteira
este meu pedacinho da Terra
dificilmente eu perdoo eu jamais esqueço
eu me apego e adoeço
não insisto e nem desisto
se eu te encontro eu não resisto
explodo em pranto, alguém consola
"mulher, não é pra tanto"
que que eu faço se eu não sei
sentir pouco?
não sinto muito
se eu te pus louco
foi tudinho por 
querer.