3.5.12

Tudo está bem.


Não precisa cavar muito fundo pra ver que foi desperto aquele lado antes adormecido. Frágil, delicado, assustado. A louca, corajosa, inconseqüente, ainda está lá, em algum lugar. Mas foi desconstruída a fortaleza holográfica que eu me esforcei tanto pra projetar. E o pior é que eu não ligo tanto quanto deveria. Me sento na janela pra olhar as estrelas, acender um cigarro, ouvir aquela música. Eu sinto o medo. Agora eu enxergo a neblina encobrindo o futuro. Percorrem minhas veias, vertentes de riso, de lágrimas, de sangue quente que tanto deixei escorrer. A auto-destruição, obviamente, sempre atrai. Mas agora, mesmo assim, desejando tanto algo que me faça bem. Me permito sentir a saudade e me permito expelir isso que pulsa forte a semana inteira. Às vezes, todas as noites são noites solitárias de domingo. E tanto nos finais de tarde quentes quanto nos envoltos pelo vento gelado, eu queria que você estivesse aqui. Mesmo que pra não fazer nada, um café, uma cerveja, música, cigarros, filmes e tudo isso que eu poderia fazer sozinha.
E por acaso foi encontrada escancarada a desordem que eu sou, e é verdade que eu ainda me envergonho do caos contido que ainda me resta, das cicatrizes que ficaram. É verdade que existem os tremores e os dramas e as lágrimas derramadas sem sentido, os vícios e manias e rascunhos escondidos, as pequenas tempestades cinematográficas, as angústias infundadas. Mas, meu bem, também é verdade que há essa paz que vem me vindo aos poucos e com ímpeto, que eu sorrio sozinha ao me lembrar de despertares, e que por causa disso eu venho me desapegando de tanta insegurança. Eu só preciso de um abraço forte. E por enquanto, eu juro, está tudo bem.

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