23.10.12

(Never) love a wild thing

A chuva escorre pelos meus cabelos e maçãs como lágrimas de água doce. Meu coração troveja em soluços trêmulos. A burguesia capitalizou o amor. Estaremos fadados, caso queiramos ser livres, a ser completamente sós? Meus sapatos esmagam pequenas flores amarelas.
Meu bem, minha fé sussurra que essa calmaria não é paz. Essa união é ilusória, onde cativar se confundiu com cativeiro. Transformamos sentimento em contrato, racionalizamos o instinto. Não me obrigues a abafar meu grito, que eu só quero despencar. Pulsão de morte, meu querido, o meu princípio do prazer. E a minha deliciosa dor amiga, permita-me, por favor, não a açoite, não abafe. Meu corpo, flamejando, arranhado, punido e cansado, logo nem minha alma me pertence mais. Se a Igreja está errada, logo cada Espírito é um. Então por que não (me) aceitar?
Eu, que sempre detestei coleiras, gaiolas, jaulas ou aquários, moralismos e correntes, cegueiras e limites.
Assim.
Não é fácil amar um animal selvagem, dizem, pois estes mordem, se atiçam, fogem, voltam e se arrastam até fora da vista para morrer... e perdem toda a essência quando domesticados.

Mas (re)considere: existe sentimento mais real do que o bruto?

Um comentário:

  1. Anônimo12.11.12

    se sua intenção com esse blog era criar pequenas paixões anônimas, parabéns, conseguiu. a vida é feita de ciclos. o fim é duro de enfrentar. a vida dói. mas está aí. tem que ser vivida. há muito mundo no mundo. pessoas como nós não sabem negar o que está diante dos olhos. há dor no caminho, mas vale a pena.

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