14.4.15

uma poesia de amor

houve um tempo em que eu media
o tempo em cigarros e escrevia
longas cartas tristes todo dia
achando que tristeza era poesia
de cinco a dez minutos eram a duração de um cigarro
a gente sentava na calçada e ficava olhando os carros
hoje quando eu penso nisso me vem um escarro
e eu nunca enviava as cartas porque os remententes não existiam
os meus pedidos de socorro os meus amigos
os seus amigos
faziam de contam que não ouviam
ou quando viam logo contentes apontavam e riam
"esses dois com certeza são os amantes mais afortunados que já existiram!"
e apesar das cicatrizes
saíamos nas fotografias muito felizes
e se a gente se separava
logo você me sequestrava
como um herói de conto de fadas
a princesa trancafiava
numa torre
não era lindo, meu bem?
mas graças a deus que era também
findo
amém

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