2.2.15

eu vivo de saudade

eu sou a prova viva de que
saudade 
envenena mas 
não mata
vai doendo devagarzinho 
feito uma agulha que se enfia aos poucos
no seu dedão do pé
o que mata é o que a gente
faz da saudade
não consigo dormir
não consigo acordar
a sobriedade também parece algo terrível
quero ficar sozinha
mas detesto a solidão
logo que noto que parei de chorar
já é motivo pra novas lágrimas
todas as músicas soam
absurdamente tristes
nessa época do ano
até mesmo cantigas de dançar ciranda
as crianças cantam
"se eu fosse um peixinho e soubesse nadar
eu tirava o meu amor lá do fundo do mar"
e puta merda!
como me dói o peito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário