4.8.12

Auto-ajuda não me basta

Acorda, prepara o café preto, corta o queijo, esfrega os olhos sonolentos com os punhos fechados, passa os dedos entre os cabelos e alimenta a utopia. Acorda do sono e sonha. Sente a chuva e louva a natureza pela delícia que é o tato. Sente o cheiro, escuta o som, olha o brilho avermelhado da luz tremeluzindo nas gotas da garoa e inala toda a positividade de um fenômeno qualquer. Tenta enxergar a música, a vibração, absorver as cores em cada um de seus nuances. Integra essa raça em extinção, que é a humana: feita de carne, osso, alma, sentidos, sangue, mente, ego e inconsciência. Abraça a humanidade e abre mão da robotização constante que tem nos tomado. Abraça o mundo que abraça você. Na perda, na morte, na dor, uma lágrima, uma lástima. Vê se não afoga tuas vísceras em pranto contido, se permite chorar. Rega as flores, menina, e anda descalça na terra (que a Terra é você, também). Ajeita os quadros, mastiga devagar, respira devagar, lê devagar; anda devagar ou corre, se tiver vontade, mas não cai na inércia. Segue em frente, apenas. E deixa que o vento componha a frente: cor, dores, delícias, afetos, tristezas e o infinito.

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