14.8.12

Insatisfação crônica

A coitada da menina se impulsionou no balanço sem saber que ia sofrer.
O suor vira sal, o cigarro vira cinzas, o sangue coagula.
Se ela tivesse virado beata!
Se ela tivesse virado puta.
Deus, por que não aceitar que todo mundo é só humano?
Enfiava a cabeça debaixo do chuveiro e chorava. Por que tinha de ser tão feia, tão fraca, sem graça e incoerente? A gente cresce e ama. E dói. E perde. E nem vê passar. Nem dá tempo de se arrepender, nem dá tempo de pensar antes de escolher. Vezenquando se arrisca. Eu me assusto. Dá pena de ver a menina no chão, se abraçando, o grito arranhando; e tenta pôr a culpa no inatismo, no sistema, nas circunstâncias, no universo, nos astros e na ciência - mas sem acreditar.
Separa corpo e alma e depois une o dualismo: pra quê tudo isso?
Tanta sede de calma e um espírito inquieto que se desespera ao ver-se tornando acomodado.
Se nos avisassem logo no comecinho que haveria dor... estaríamos preparados?

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