Cortes profundos só se cicatrizam
superficialmente. Os pontos abrem. É preciso limpar as feridas. Não é bonito.
Dói – mas é preciso. Mais uma vez, eu tento escrever: tomo coragem e encaro o papel.
Eu busco aquele velho instinto de me entregar, de desabar em lágrimas e
palavras. Desenterro os sentimentos soterrados em um poço de pretensões. Mesmo
que soe vago, mesmo que pareça vulgar, eu cuspo linhas tortas, sem me importar
se estão certas ou não. Que me aceitem como apenas humana.
Eu me sento no chão, as mãos
cobrindo o rosto, respiro fundo e o choro vem, mas as palavras não vêm. Acendo
um cigarro e você não vem. É quando você não atende o celular. É quando nenhum
livro me parece interessante e todas as músicas me soam vazias de sentimento. E
se eu disser que me sinto incapaz, estúpida, você vai pensar que estou
desesperada? Porque eu juro que estou à beira de. Não sei se duro até o fim do
mês, não esse ano. Não sei se termino parágrafo, se volto pra cama, me aninho
em mim mesma e desisto.
Logo eu, que tinha tanta fé, tão
promissora, tão sorridente, otimista e espirituosa.
Falhar logo com você, que acreditava
em toda essa babaquice que eu queria ser.
Eu não quero falhar com você.
Mas eu falhei até com essas
palavras...
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