2.8.12

Me falta a coragem


Cortes profundos só se cicatrizam superficialmente. Os pontos abrem. É preciso limpar as feridas. Não é bonito. Dói – mas é preciso. Mais uma vez, eu tento escrever: tomo coragem e encaro o papel. Eu busco aquele velho instinto de me entregar, de desabar em lágrimas e palavras. Desenterro os sentimentos soterrados em um poço de pretensões. Mesmo que soe vago, mesmo que pareça vulgar, eu cuspo linhas tortas, sem me importar se estão certas ou não. Que me aceitem como apenas humana.
Eu me sento no chão, as mãos cobrindo o rosto, respiro fundo e o choro vem, mas as palavras não vêm. Acendo um cigarro e você não vem. É quando você não atende o celular. É quando nenhum livro me parece interessante e todas as músicas me soam vazias de sentimento. E se eu disser que me sinto incapaz, estúpida, você vai pensar que estou desesperada? Porque eu juro que estou à beira de. Não sei se duro até o fim do mês, não esse ano. Não sei se termino parágrafo, se volto pra cama, me aninho em mim mesma e desisto.
Logo eu, que tinha tanta fé, tão promissora, tão sorridente, otimista e espirituosa.
Falhar logo com você, que acreditava em toda essa babaquice que eu queria ser.
Eu não quero falhar com você.
Mas eu falhei até com essas palavras...

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