3.5.11

UMA PEQUENA NOTA PARA CATARINA

Minha pequena Catarina... perdão. Só: pequena Catarina, venha cá. Me deixa passar os braços em volta da sua cintura, apertar meu peito no teu, te olhar com inocência de novo. Eu queria mesmo era te dar aquele beijo que eu fiquei devendo - aquele, lábios nos lábios, pele na pele, línguas impedindo as palavras ruins de escaparem, e tudo o mais -, mas eu sinto que ainda é cedo para lhe pagar essa dívida.
Minha doce; perdão novamente. Doce, linda Catarina, não me importam agora os teus pensamentos sujos, seu toque perverso, seus gemidos abafados na quietude da madrugada. Não me importam porque, pequena Catarina, exatamente porque és pequena. É só uma menina, e veja bem, amor, eu não quero machucar a única inocência que lhe resta, que é a de um coração inteiro, virgem, imaculado. Porque dez vezes mais do que profanar até mesmo um corpo, deflorar um coração, isso sim é um pecado irremediável. O que eu não faria para mantê-lo intacto? Menina, minha (e mais uma vez, com todo o perdão dessa palavra) menina; veja bem: não quero obrigar-te a trancar seus sentimentos do modo como fui obrigada. Mas você precisa saber, e terei mesmo que ser eu a te mostrar? Mostrar que amar dói, querida, amar dói.

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