24.5.11

(não precisa fazer sentido para ninguém além de mim)

- Foi alguma coisa que eu fiz?
- Não.
- Então foi algo que eu não fiz, mas deveria ter feito.
(Silêncio)

Você esperava que eu te estendesse o meu próprio manual de instruções como qualquer aparelho eletrônico moderno. Mas não sejamos tão frios. Você me implorava que eu te dissesse o que fazer. Eu poderia facilmente ter te feito escravo dos meus caprichos, proibido suas amizades que me desagradassem, podia ter te aprisionado, te ter feito assinar um contrato qualquer e talvez ainda hoje estivéssemos juntos, você e eu, indo a praia aos finais de semana, dividindo um apartamento de dois cômodos e realizando cada uma de nossas fantasias perversas de adolescentes precoces, imaturos e imprudentes.

- Não, não chore.
(Soluços)
- Não chore porque eu sou teu, e você será para sempre minha, a minha princesa, o meu amor, está bem assim?
...
Está. ???

Veja bem, não que eu não quisesse te pertencer. Queria que me possuísse, carne, alma, mente... e em teus braços, padeceria. Sim, padeceria, como as aves silvestres que tentamos domesticar e fenecem sufocadas em nossas mãos, assim era meu coração. Meu coração, partido em cacos - cacos todos meus, minha posse, que eu te emprestaria de bom-grado, mas cobraria de volta com os juros exigidos.

- Você o ama.
- Não! Amo você, está bem? Você, meu amor, você. Fica comigo.
- Você logo vai amá-lo.

Vou. Amei-o logo, e esqueci-me de ti, assim como te esqueceste de mim. Adeus, pois então, meu príncipe encantado. A não mais tua princesa está bem assim, não te ama mais, não mais te deseja, te admira ou te acha tão belo e encantado assim. Mas ainda pensa tanto em você.

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