28.5.11

LONGO E SEM PAUSA

Sei que vão me perguntar, quando nos virem caminhando na calçada lado-a-lado com as mãos soltas e os dedos desentrelaçados, se não sinto em você estar tão perto e ainda assim eu o tenha perdido. Vão perguntar porque eu sei que pensam que ostento três cubinhos de gelo mais um enorme oco do lado esquerdo do peito. Se enganam. Tenho um coração, sim, e mesmo que esteja um tanto anestesiado e em cacos pelas quedas, ainda não tornei-me completamente insensível - mais um pedacinho dele se quebrou daquela vez em que tive que ir sem sequer te dar um beijo que fosse. Acho que eu soube que não teria outra chance além daquela, desperdiçada por um atraso mínimo.
Pois bem: eu sinto. Sinto quase fisicamente até, como se a alma fosse um corpo à parte e fosse feita de carne e osso, pele e músculo e sangue e água. Mas não chega a ser uma dor. Não, sinto como um toque, um pouco mais pesado que uma carícia e muito menos bem intencionado. É claro que sinto uma vontade louca (porém perfeitamente controlada em pró de um bem maior) de nós dois. É claro que amo você. Claro que te quero bem. Mas esses, sim, são sentimentos bem-intencionados, puros, recatados; e se sou capaz de sentir algo puro é porque você me mudou muito. Talvez (só talvez) o pedaço do meu coração que você partiu tenha sido a parte podre dele. Talvez e só talvez: você me tenha feito boa. Gosto de você. Muito. De verdade. Não esquece.

Um comentário:

  1. Acho esse texto bem meu SADHIUSAU

    Tô comentando loucamente só pra constar quais são os meus favoritos KKK

    ResponderExcluir