4.8.11

DESABAFO


Outra que também parece que nunca esqueceu seu amor do passado...


"Do passado". Não precisei piscar os olhos para estar no passado. Estou quatro anos atrasada, me sento exatamente onde estou sentada agora e meus olhos se enchem de lágrimas. Eu não deveria ter faltado à aula. Seu fantasma, ele deveria ter ido embora, o tempo o devia ter apagado... mas ele permanece aqui, mais sólido do que jamais esteve em toda a minha vida. Conheço os seu vocabulário e as suas mentiras mais freqüentes, e você não conhece as cicatrizes que me causou. Quatro anos atrás e as mesmas lágrimas vêm à tona. Lágrimas recicladas, talvez, como todo o meu corpo, meus pensamentos, minhas memórias de lugares que nunca existiram – um abraço infinito na periferia e um muro pichado como o meu caderno de pré-adolescente sensível, eu e minha saia colegial que agora mal cobre um quarto das minhas coxas. Eu era tão pequena... 

...se essa mentira é o sonho de alguém, se essa mentira faz alguém levantar todos os dias e sorrir...

Você foi  não!, você é o maior dos meus erros, e o erro que me fez ser quem eu sou. Um erro do qual, por mais que eu tentasse, eu jamais consegui me arrepender. É a saudade que nunca passa, e quando passa... quando passa, por Deus, eu a busco de volta! É melhor mesmo não desistir nunca; é melhor, também, não perder tempo lutando. Eu queria era viajar no cronos... e se eu estivesse exatamente aqui, onde eu estou agora, os olhos cheios de lágrimas, eu teria pedido: "fica". E eu nunca teria descoberto, nunca teria te descoberto. E talvez  só talvez... –, tão naturalmente quanto lembrar de você agora, eu teria me esquecido. 

Mas vai saber, né? Você já disse, eu já disse, nós sabemos... toda vez que nos separamos em uma encruzilhada qualquer, eu acabo pegando o retorno.

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