28.10.11

Domingueira adiantada

Essa semana tem um quê de segunda e um quê de domingo e um quê de sexta-feira todos os dias (quanto ao ponto da sexta, às exatas dez e trinta e cinco da manhã). Vai ser sábado e mesmo assim o final de semana não chega nunca. Ou chega e é um final dolorido, como naqueles livros os quais pelas páginas você correu tanto com os olhos, tropeçando nos parágrafos e pulando significados e agora só sente peso da melancolia do último capítulo. Peso denso demais pra se absorver num capítulo só. Tento me ater às palavras desconhecidas (ósculo; omoplatas) e às cenas mais bonitas, mas a última página chega ao final de uma forma ou de outra. Toda e qualquer oportunidade que surja de beber, sorver, engolir essa melancolia de uma vez só - injeção ou comprimidos - é bem vinda. Talvez seja o inferno astral, penso. Mas ainda é dia vinte e sete do mês. Vinte e oito. Li em algum lugar que não existe tempo, depois li que existe, sim. Hoje mesmo, na verdade. Me apanho pensando: inferno astral - inferno astral - inferno astral. Talvez algo relacionado à Vênus e Marte, talvez meu Yang esteja cansado, talvez seja o desconcerto do horário de verão ou pode ser só preguiça. Só quero me deitar debaixo do ventilador e assistir algum filme francês (porém sem muito significado, sem prestar muita atenção nas legendas).
Horoscopomaníaca. Se eu tivesse filhos, por eles seria capaz de aguentar mais um dia. Não tenho. Penso em minha mãe. Penso em ligar: "alô, mãe? Não quero voltar pra casa hoje, não. Agora não. Quero ficar na rua bebendo uma cerveja gelada nesse sol quente." Afinal, hoje é mesmo sexta-feira. É sexta e me sinto exausta. É sexta e talvez (vergonhosamente) eu só deseje mesmo que fosse domingo, pra deitar numa rede a tarde todinha, me desculpar depois da sopa e ir dormir antes do Fantástico. Muito antes.

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