14.10.11

(meus) Versos avulsos de pé-quebrado

Barulho de chuva, cheiro de chuva, cheiro de incenso (jasmim), o folk-indie-rock que mais parece um mantra quase inaudível e temperado com trovões - tempestade de sentidos. É tudo muito bom. As fotografias em preto e branco e  as frases nas paredes, um filtro dos sonhos emaranhado num terço de pérolas, cinzas cheirosas e garrafas vazias: meu pequeno santuário. Verdes. Sempre atenta às cores, aos olhos, aos ruídos. Uma ilha de calmaria em meio a tormenta. Uma ilha de perdão, as gotas trazendo a aceitação, a água suja lavando a alma e escorrendo a raiva pelas calhas. É um dia bom. 

"Nós somos as pessoas substitutas. Pálidas projeções de fantasmas do passado, consolos de ex-pais inconformados, maridos insatisfeitos ou viúvas angustiadas.  Somos os dublês dos heróis. Nos cinemas, nas ruas, nas escolas, nas famílias – em lugar algum se aprende a amar-nos por inteiro. Planejados cartesianamente, privados das luzes do protagonismo, sempre sorridentes e em pé no tablado do segundo ou terceiro lugar, apenas esperando; esperando que reconheçam o nosso papel como importante no mundo: o de substitutos."

As gotas trazendo a aceitação, repito.
Sem um bom livro sequer, ou braços aconchegantes para um filme água-com-açúcar. Faço o meu café  preto e me bate aquela saudade mortal de Minas Gerais - nada fora do comum, nada que não me venha todos os santos dias. Saudade da risada do menino, do sorriso dele, do choro dele, da impaciência. Saudade da trapaça, do crime. Nada extraordinário.

Verdes.
Quero abraçá-la.
Meus pensamentos dão voltas, e sempre voltam ao ponto de partida.
Quero abraçar-te.

"...chegou e tirou toda a importância das coisas mais importantes, e de repente as maiores coisas ficaram pequenininhas perto de você. Eu não tenho pensado em qualquer outra coisa, desejado mais ninguém; sempre escuto as mesmas canções e minha vida tem sido apenas um aguardo teu. "

Rabiscos do dia-a-dia comum.

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