28.10.11

Gramatical e essencialmente incorretos

Às tremas trêmulas da delinqüência - estremeço. Espalho crases e acentuação e devoro vírgulas e desorganizo os hífens, os pontos-finais e poetizo mediocremente as sensações turbulentas; turbulentas e confusas, tão turbulentas e tão confusas que não se prendem à gramáticas, à regras não se organizam em pontos nem vírgulas páragrafos fim começo meio parênteses. Aposto no pequeno caos da escrita, que é o imenso(rável) caos do espírito. Aposto nisso para que sintam como eu sinto, ou ao menos se sintam sob a sombra das nuvens tempestuosas dos meus pensamentos, sentimentos, olfato, visões. Versos gramaticalmente, essencialmente incorretos. Tortos. Tortos tortuosos assombrados. Não quero pensar em conseqüências hoje. Nem no futuro. Nem no passado. Nem no agora, na verdade. Quero, hoje, ser mera espectadora dos meus atos e, como quem se entretém com um livro ou filme, pensar que "bem que a mocinha podia ter feito isso ou aquilo", mas sem jamais intervir, porque isso não me convém. Não me convém tomar para mim as minhas próprias responsabilidades nem as de ninguém. Sinto-me exausta demais... perdão: ela (assim, na terceira pessoa, me tiram um peso das costas) sente-se exausta demais para qualquer preocupação que não seja: relatar sem se preocupar com toda a pon-tu-ação a-li-men-ta-ção re-ti-dão estudos e para o diabo. Não fica bonito mudar o foco no meio da redação. Não fica bonito sentar-se com a coluna assim, não fica bonito fazer. Mas faz. Hoje ela se dá permissão pra errar. Demos-nos, também.

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