25.10.11

Essa minha bobageira de escapismo com explicações transcendentais: cartomancia, astrologia, búzios e vidas passadas.

Um novo filme cá e acolá, arranjo um “complexo de” & o nome da protagonista (ou mesmo a secundária, tanto faz) perturbada e insatisfeita, debilmente complexa, possuidora de uma clichezada de dualidades. Uma hipocrisia dos diabos, toda essa minha pretensão saudável, enquanto só me liberto pondo pra fora as lágrimas as tripas a alma, enquanto todo o mundo sabe que minha mente - ah, a psique! Bla-bla-blá a psique humana isso e aquilo – não passa de uma adicta de dependências, uma dependente de adicções, e a vegetariana pseudo-macrobiótica aqui, dada às faculdades das saúdes mentais, só quer a porra de um cigarro e meio passo de distância de tanta imperfeição; quer vomitar essa porcaria toda; enquanto deságua sangue e oceano pelas minhas veias, vias lacrimais, vaias. Trêmula, tremas nos U, pingos nos I, cortes nos T, (não) cortes o mal pela raiz – deixa crescer, deixa, vai! Tanto positivismo pra tanto auto-amor no vermelho, no negativo, um buraco mesmo: vai corroendo corroendo corroendo corroendo vira tumor maligno no espírito. Um espírito tão espremido, coitado, nessa carne podre!, tão grande (imensurável) pr’um corpo só! “Insatisfação crônica”, essa “coisa” – a palavra só pode ser coisa, não há outra – essa coisa de querer sabe-se-lá-o-que; um infinito maior, um lado B ou a contracultura de volta... vai ver é querer um tico de nada de dor doce, meio azeda, feito um morango. Vai ver eu só devesse me aceitar assim: amplificada – interrompida.  Me aceitar assim, com essa fé fodida, gigantesca, linda, besta, sem ter direito em quê botá-la, com esta esperança ridícula de que você me venha com o perfeito tesão-físico-e-espiritual e amor-transcedental-e-concreto; me aceitar com essa crença idiota tirada de uma filosofia idiota de boteco. Me aceitar e aceitar a idiotice que é a vida (sem essa minha bobageira de escapismo com explicações transcendentais: cartomancia, astrologia, búzios e vidas passadas), e aceitar  que aí você morre e não dá pra saber.  Não dá pra saber pra quê gastou tanta grana em análise, tanto tempo em auto-análise, pra que tanto saco cheio em analisar os outros. Que porre que vai ser se não tiver Nirvana, se não tiver Paraíso ou Inferno que o valha, que porre que vai ser se a vida vai ser sempre mesmo esse eterno purgatório e não há meditação, religião, provérbio droga boa-ação dom artístico poesia música que valha a chatice dessa existência curta e cruel na Terra. E que porre que deve ser pra você, meu bem, minha querida, eu colocar tudo isso sobre os seus ombros – seus adoráveis ombros e minha alma em chamas meus lábios em cinzas. E que chatice pra qualquer outro ser no planeta que meus dias agora se resumam em criar mentalmente um futuro repleto de você. 

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