2.10.11

Hoje é domingo

Domingo em que a chuva bate na janela e chora no meu edredom, igualzinho eu costumava fazer nas noites de solidão em demasia, medo em demasia, tristeza carência anemia de afeto raiva e angústia – tudo em demasia. Domingo em que me contento com frases avulsas de escritores mortos, já que você não está aqui, em que me contento com um samba antigo e uma fé firme (porém sem muitas orações) de que a sua chegada está mais próxima a cada segundo. Domingo em que a gente escreve meio que sem saber sobre o quê, só deixa em que as linhas se completem quase que sozinhas, e domingo que era pra ser um dia triste – observe que aqui eu digo que era pra ser, mas não é, e não é porque guardo no peito o pensamento teu. Guardo no peito porque, amor, a idéia de você ao meu lado é tão grande que não cabe só em minha cabeça, mas ocupa todo o espaço: coração, alma, vísceras, pulmões, cabeça. Domingo, dia de me demorar demais em atender uma ligação, dia de não almoçar por pura preguiça, dia de faxina na mente pra me livrar dos sentimentos que já não servem.
Meu filtro dos sonhos se enrosca com o terço, balançam à brisa os desenhos na parede descansam, acendo outro incenso. Espero – e vivo nessa espera – por uma notícia sua. Perco-me nessa espera, em situações imaginárias que eu mesma crio, em meu pequeno (e delicioso) caos particular situado nas quatro paredes do meu quarto. Te espero. Sem cansar-me nunca, espero. Hoje é domingo, pede  cachimbo, pede um café, um carinho, um toca-discos, você.

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