26.4.11

APRENDI

Aprendi que não se deve misturar bebidas demais. Aprendi a mentir. Aprendi a segurar o choro com meu orgulho, a achar graça das minhas desgraças, a apreciar a beleza da destruição. Aprendi que todo mundo engana, todo mundo trai, todo mundo tem sentimentos, e aprendi até mesmo a ferir esses sentimentos.  Aprendi a me vingar, mas também aprendi a perdoar e deixar esse trabalho pro Anjo da Vingança Divina. Aprendi que o amor não move o mundo, mas move as pessoas, que podem mudar o mundo. Aprendi a ser meio cínica, meio desconfiada, meio grossa e muito clara. Aprendi a amarrar os sapatos, a não fumar dentro de casa; a não beijar qualquer um, a não sorrir para qualquer um, a não confiar minha estabilidade emocional a ninguém além do meu psiquiatra. Aprendi que os bichos são melhores que os humanos, que as convicções são inimigas da sabedoria e que cada ato, por menos que seja, interfere no universo. Aprendi a andar de bicicleta, a cair metaforicamente, a cair literalmente, que há sempre uma luz no fim do banho, que a música afeta todos os seus seis sentidos, aprendi a apanhar, a brigar, a me esquivar,  a teimar e até a desistir quando necessário.
Mas, meu bem, eu jamais aprendi  direito a ver as horas. É por isso que o meu passado se perde, o futuro é nebuloso e que nada no mundo me importa mais que o agora.

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