Elas querem ser acordadas com cócegas, beijinhos e mensagens de textos. Querem bilhetinhos rabiscados na mesa de cabeceira. Dedos entrelaçados, pés se roçando, flores roubadas do jardim de algum desconhecido por entre as grades do portão. Querem beijos intermináveis de despedidas, piqueniques em cima de toalhas xadrez, dançar sem música, correr na chuva. Querem canções numa voz desafinada num violão arranhado, juras de amor exageradas, sussurros, suspiros, surpresas. Querem que eles liguem quinze minutos antes porque eles morreriam se demorassem mais para ouvir a voz delas.
Querem o príncipe encantado, mas também querem a Fera - gritos, brigas, lágrimas quentes rolando no pescoço, querem desculpas roucas e reconciliação a noite toda. Ciuminhos sem motivo, defeitos irreparáveis, querem ficar nervosas e que eles as deixem mais nervosas ainda. Querem noites inteirinhas de insônia, pele na pele, querem dormir com os nós dos dedos se tocando.
Querem areia nos cabelos, sal nas costas, na barriga, a maré tocando os pés e um cobertor de noite estrelada por cima. Garrafas vazias de vinho barato, chocolate. Querem o sol nascendo no telhado, dormir agarradas com aquele ursinho do dia dos namorados retrasado. Querem uma rosa vermelha, duas, três. Querem exageros, cartinhas, dormir com a camisa dele, murmurar nomes durante o sono. Querem olheiras, querem marcas, querem um colar ou uma pulseira ou os dois, querem conhecer de cor o cheiro. "Desliga você", "não, você primeiro", fingir irritação, fingir impaciência e adorar tudo aquilo por dentro. Querem diminutivos, pequenininha, princesinha, lindinha. Querem descaramento, querem diretas e indiretas. Querem que peçam, que mandem e desmandem. Querem dificultar, serem contrariadas, vencer no fim. Querem mil fantasias, querem um conto de fadas, querem sentir que o mundo gira ao seu redor, que o sol nasce por elas. Querem a lua de presente, as estrelas num anel, querem tudo, tudo.
Mas eu não quero nada disso se não for com você.
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