26.4.11

DIVAGAÇÃO PARA CAROLINA

Respirei fundo. Uma musica legal. Jesus loves you more than you would know, oh oh oh. Não me lembrava ninguém. Deitada na calçada dura de concreto, isso não importava. Também não me lembrava ninguém. Nada me lembrava nada. Sobre mim, sobre a rua, sobre a lagoa, sobre toda a Terra, um céu estrelado. Em nenhum outro lugar do mundo se podia ver um céu como aquele.
Seja você mesma, eles dizem.
Mas quem é essa? Às vezes sou eu. Outras, já não sou eu mesma. Depois eu volto a ser. O que pode ser um problema, porque entre tantas idas e vindas, alguém acaba ficando meio perdido. Quem? Às vezes sou eu. Outras...
Mas não, estou divagando. Deliciosamente, pela via-láctea - e não importa o quanto pareça piegas, não estou usando um sentido figurado. Eu posso vê-la bem daqui, milhares de pontinhos no céu escuro como se houvessem derramado leite em pó. Brilhante, é claro.
Eu mesma estive um pouco mais perto daqueles pontinhos há alguns dias atrás. Lá em cima, onde todos os problemas parecem distantes e pequenininhos e se pode brincar de anjo. A vida lá é fácil. Não existem amores, escola, família, planos e nem um futuro. Só eu e um punhado de sonhos imediatos e só meus.
Não se é feia no céu. Não, se eu fosse uma estrela, eu seria apenas uma estrela. Como você, Carolina. E se você fosse uma humana de novo, você seria como minha melhor amiga. E naturalmente nós brigariamos por coisas bobas como uma blusinha ou o secador. Mas eu te contaria os meus segredos. Eu te contaria sobre ele, Carolina. 
A música não me faz lembrar nada. Mas as estrelas me lembram você.
Eu sempre acabo lembrando de você.
Lembranças puramente falsas. Não há nada sobre o que me lembrar. Você é quase imaginária, irmãzinha. Eu te mentalizei no meu coração, se isso é possível. Só porque é imaginária, não quer dizer que não seja real. Mas toda esse falatório não passa de uma tremenda divagação, não é mesmo? É sobre você, tudo sobre você. Você é uma divagação. E não é preciso que essas palavras soem bonitas, nem é preciso que ninguém mais me entenda, porque estou escrevendo pra você e você não está lendo. Espero que você possa me ouvir, mas sei que não pode - não ainda. Mas sempre posso fingir que aquela estrela está me ouvindo, como sempre fiz. E então minha mente criará a sua resposta. Assim conversaremos, quando eu sentir essa saudade do que eu nunca tive. Até o dia em que eu puder te abraçar de novo.
Palavras em vão.
Uma carta ilegível.
Eu te amo e sinto a sua falta. Falta de ter te tido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário