26.4.11

(pra recordar)

Minha aparência estava horrível. Eu tinha frio, fome, pouco dinheiro, uma neblina de melancolia claramente visível nos olhos e um tremendo medo. Medo dessa coisa de gostar demais de alguém ou de alguma coisa.
Eu me lembro de quando tinha receio quanto a cigarros, no começo. Coisas que são boas e me levam à loucura quando estão em falta? Não, obrigada. Sempre gostei de viver solta, livre – de regras, de rotina, de dogmas e de vícios. E era clara a questão: eu estava me tornando uma viciada.
E falando em cigarros, lá estava você, com um entre os dedos, ainda inteiro, vans gastos, branco no preto e, naquele momento, não havia medo. Naquele momento, me senti extremamente sortuda. Entre um rosário de erros, culpa e levianidades, depois de tudo isso, lá estava você, com um cigarro entre os dedos, vans gastos, branco no preto. Sem engano, dessa vez. Eu sabia. E como eu gosto de olhar para você!
E já não me importavam o meu cabelo desarrumado, o estado da minha cara, minhas pernas e braços nus congelando, meu estômago e carteira vazios, a neblina se dissipara e era engraçado… a cura para o meu medo era ele mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário